0036 | Peru, uma aventura gastronômica!
- Regina Feitoza
- 19 de set. de 2016
- 10 min de leitura
Você quer saber como foi minha passagem pelo Peru? volte uma casa e leia aqui os relatos sobre a Bolívia!

Pode até parecer brincadeira, mas é a mais pura verdade. Chegamos no Peru e a primeira cidade que desembarcamos foi Cusco. Nossa, que alívio, apesar de ter amado o tour pela Bolívia e ter ficado com aquele gostinho de quero mais, foi bom ter saído pra uma cidade mais organizada. Cusco foi como tirar férias da Bolívia, era limpa, organizada e o trânsito uma maravilha, ninguém fazendo loucas ultrapassagens ou buzinaços e até paravam na faixa para pedestres.
Uau... que bom está de volta à um país ordenado... pura ilusão...
A sensação de estar em um lugar organizadinho, limpinho, com pessoas educadas que olham pra você enquanto te dão informações, ficou só em Cusco mesmo.
A cidade tem forte turismo por causa do tour à Machu Picchu, quando passamos por lá, no mês de agosto, era alta temporada por ser férias escolares na Europa. A cidade estava repleta de turistas e mesmo em baixa temporada, sempre tá cheia deles, daí os moradores locais já estão bem acostumados com diversas culturas e tal, então trata melhor quem vem de fora.
E eu me sentindo super confortável no mais novo país dessa viagem, achando tudo lindo, voltando a me sentir gente porque estava sendo tratada com educação por pessoas locais. Hospedada em um hostel super bacana, limpinho, recepcionista educada. A menina até sorria quando falava, gente eu tava no paraíso...
... até que saímos do mundo encantado de Cusco e continuamos a percorrer o país, aí não demorou nadinha pro encanto acabar.
O Peru de forma geral é muito parecido com a Bolívia. Conversando com alguns peruanos e fazendo esse questionamento, comparando com o outro país que tínhamos acabado de visitar, conhecemos mais sobre a história desse, que um dia formou com a Bolívia um único país.
A cultura é mesmo muito similar. As pessoas são muito parecidas fisicamente e no jeito de ser. O peruano, de forma geral, não é muito gentil com visitantes, não estão dispostos às informações na rua, não gostam de conversa com estranhos. Assim como os bolivianos, são muito desconfiados com estrangeiros, mantém seus seus costumes e sua religião.

Apenas nas grandes cidade e naquelas mais frequentadas por turistas é que encontramos peruanos mais... digamos assim... simpáticos com estrangeiros, tal qual a Bolívia, porém, na Bolívia nem nas grandes cidades hahahaha.
Ahhhh as grandes cidades do Peru... um trânsito mega estressante. Os carros pareciam estar possuídos e estavam. Estavam possuídos por motoristas que não tinham um pingo de paciência e aí voltamos à Bolívia...
...Trânsito louco, buzinaço por qualquer coisinha, ultrapassagens malucas, gente demais na rua, vendedores de tudo que é produto enchendo as calçadas e faziam com que você disputasse a rua com o carros, tuc tuc pra todo lado que fazem o serviço de moto táxi, pessoas que não te davam informações, nem te olhavam... afff... estou falando do Peru! parece complicado, mas eu sentia que não tinha saído de um país e entrado em outro, tinha apenas mudado de cidade, tamanha semelhança cultural.
Ficamos na casa de uma menina que nos hospedou pelo couchsurfing, ela chamava as tuc tuc e as vans de moto e combis assassinas e por algumas vezes eu pude comprovar o porque do apelido carinhoso. O trânsito do Peru é muito louco e Lima não é pro fracos hahahahah.
As feiras peruanas eram riquíssimas, que nem na Bolívia, havia uma grande variedade de frutas, verduras, legumes. As feiras de artesanatos também eram incríveis e visitá-las era, mais uma vez uma tortura porque eu queria levar de tudo né,mas cadê dinheiro, cadê carregar na mochila... não ia rolar, como sempre nessa viagem.

Apesar dos preços no Peru serem mais altos que na Bolívia, ainda assim continuavam baratos quando comparados aos preços praticados no Brasil, mas não dava pra comprar né?! e essa história já é conhecida aqui no blog... snif snif snif
Bem, essa sensação de que o Peru e a Bolívia eram iguaizinhos acabava quando íamos comer. Eu já tinha lido, ouvido que a cozinha peruana era muito rica, mas nunca havia provado. Aliás, já havia provado ceviche em Aracaju, mas nem de longe parecia com o autêntico peruano.
A Bolívia possui muitos alimentos, uma variedade grande de frutas, verduras, legumes, temperos e tudo o mais para uma deliciosa e rica refeição, mas quando conheci a cozinha peruana, que tem a mesma rica variedade de tudo, cheguei a conclusão que os bolivianos não sabem cozinhar.
Apesar da similaridade cultural entre os dois países, comer nos restaurantes peruanos me transportava para uma outra dimensão. Nunca comi tanto e tão bem nessa viagem. Comer fora não era caro, mas, é claro, sempre buscando os melhores preços né?! e a comida era tão boa que eu não me atrevia a cozinhar. Foram 20 dias no Peru, foram 20 dias comendo fora, foram 20 dias da mais saborosa experiência gastronômica da viagem, até agora!!!
Comíamos ceviche todos os dias e hoje escrevendo esse texto, um mês depois, tô de água na boca de lembrar das deliciosas iguarias peruanas (não tem tanta foto, tava comendo hahahahh). O prato básico era sempre peixe e era servido de todo jeito que você imaginar. Depois de alguns dias nos deliciando com aquela rica cozinha, comecei a observar que tudo que eles usavam nós temos igualzinho no Brasil, então porque aquela comida era tão saborosa?
Cheguei a pensar que desde que saímos do Brasil comemos tão mal, por falta de opção nos países que visitamos, que estava exagerando quanto à comida peruana. Mas então uma típica família nos hospedou em sua casa e eu consegui descobrir alguns segredos. Apesar dos temperos serem os mesmo, eles combinam de forma diferente e isso faz toda a diferença no sabor dos pratos.
Com essa família experimentamos vários pratos típicos do país, desde a costa até a selva, passando pelos andes. Foi uma viagem gastronômicas com direito a conhecer os segredos de cada região a partir de cada refeição.
Quando alguém pergunta alguma coisa pra gente sobre o Peru, o Luciano costuma responder que fomos lá pra comer hahahahaha mas foi mais ou menos isso mesmo.
Além da cozinha, no Peru tivemos a oportunidade de conhecer o oceano pacífico. Ali me dei conta de que estava do outro lado do continente. Isso foi na cidade de Huanchaco, onde estávamos em um hostel lindo à beira mar. Eu ali olhando o mar numa tarde fria, vento batendo no rosto, lembrando de casa, me dei conta de onde estava. Peguei o celular do bolso, abri o mapa e podia ver claramente uma linha reta que me levava direto pra Aracaju, do outro lado, no atlântico.
Nesse momento fazia uns 18° graus na cidade, enquanto do outro lado, Aracaju ardia em 32º que louco, eu consegui ver no mapa, na palma da minha mão aquela linha reta ligando as duas cidades. Foi um misto de sensações. Ao mesmo tempo que eu sentia saudades de casa e de todos que faziam a minha cidade, eu também sentia uma alegria profunda, por estar ali, do outro do mapa, na outra ponta da linha de frente pra um outro mar, de frente pra saudade, de frente pro novo, de frente pra mim, que acreditei que seria possível e ali estava.
O Peru foi responsável pelo meu despertar. Até então a viagem tinha se tornado um pouquinho chata, tinha caído na mesmice, as aventuras estavam se repetindo e a saudade de casa apertou um pouquinho. Apesar de ser tão parecido com o país vizinho, o Peru tinha mar e o mar me transportou de volta pra mim.
Apesar da baixa temperatura, não podia me despedir do país sem um banho de mar. Aos gritos e saltitando, entrei na água salgada e gelada, revitalizei a alma e estava pronta pra seguir viagem. No Peru, estávamos exatamente no meio da viagem, 7 meses longe de casa, e foi lá que relembrei de tudo que me levou até ali. Criei um laço afetivo com o Peru.
Cidade que visitamos:
Cusco - A cidade é super famosa por suas atrações, as ruínas incas e aí inclui Machu Picchu e o Vale Sagrado. Eu já tinha a ideia de que era um tour caro, mas mochileiro que se prese sempre busca uma alternativa pra baratear tudo. Então saímos pela cidade pra entender como as coisas funcionavam e tentar encontrar uma forma de conhecer as famosas ruínas sem pagar uma fortuna. Mas infelizmente não logramos. Não tem como não gastar uma grana pra fazer os tours, mesmo não contratando agências saía caro pra gente, pelo menos pra essa viagem que é de pouca grana.

E não é nada interessante fazer os tours de Cusco e seus arredores sem guia, porque aí se torna somente um passeio qualquer, sem as explicações de um guia sobre os detalhes das construções Incas não tem porque conhecê-las. Mas Cusco não é só Machu Picchu, há vários lugares incríveis pra conhecer dentro e fora da cidade.
Nazca - Queríamos muito ver as tão famosas linhas de Nazca. Novamente já sabia que seria caro, porque as linhas só se ver a partir de vôos, mas mochileiro nunca desiste né?!! Busquei na internet informações sobre as linhas, como chegar e tal, eis que achei num blog (não lembro qual para da os devidos créditos) a preciosa informação de que era possível ver três desenhos a partir de um mirador pagando apenas três soles (+/- 3 reais). Seguindo as dicas do blog chegamos ao mirador, subimos e realmente vimos as três linhas.

Foi incrível ver de pertinho as tão famosas Linhas de Nazca. Cresci ouvindo falar sobre elas. Assisti documentários sobre seus mistérios e agora eu tava ali, diante delas. Foi uma sensação realmente muito boa.
Paracas - Saindo de Nazca conseguimos uma carona até Paracas, um balneário lindo e lá pela primeira vez eu vi de pertinho um pelicano. Ficamos só um noite, porque o melhor de Paracas está um tantinho longe da cidade e pra curtir o que a cidade tem a oferecer, adivinhem? é necessário comprar alguns tours. Passamos apenas uma noite, mas foi suficiente pra apreciar o mais belo pôr do sol da viagem até ali. E o melhor, de graça hahahahah.
Huacachina - Mais precisamente Óasis de Huacachina. Huacachina não é uma cidade, é um bairro da cidade de Ica, porém apenas conhecemos o Óasis. Um lago natural dentro das dunas de areia no deserto peruano. O lago é totalmente rodeado de hotéis e restaurantes e como sempre não podia faltar um tour,não é mesmo? Há veículos que são chamados de tubulares que levam turistas para um tour nas dunas. De cima é possível observar todo o Óasis e ainda poder aproveitar para um esqui bunda com uma prancha pelas areias das dunas.
Bem... não pagamos o tour hahahahahah observamos algumas pessoas subindo as dunas caminhando, avaliamos e vimos que era totalmente possível fazer o mesmo e assim fizemos. No outro dia pela manhã, antes mesmo do café da manhã, subimos as areias, uma subida nível médio, porque o pé afunda na areia e pesa, mas foi bem tranquila, paradas pra respirar, um gole d'água e chegamos no topo do ponto mais alto e a vista valeu qualquer esforço.

Lima - A capital do Peru e como toda capital dos países que visitamos, é conturbada, concentra mais da metade da população e tem de tudo que o país oferece. Vi mais estrangeiros vivendo em Lima que em La Paz. Apesar das similaridades entre os dois países, a capital do peruana é bem mais desenvolvida e possui zonas turísticas bem sofisticadas, com shoppings, bares, restaures, lojas internacionais, etc... esse é o caso de Miraflores, um distrito de Lima que destoa muito da cultura local.
Miraflores parece outra cidade, outro país. É bem moderna e sofisticada, tem vários shoppings internacionais e oferece vários produtos e serviços que supri a necessidade de qualquer turista mais exigente. Ali o trânsito é tranquilo, ordenado,digo que é normal, as ruas, praças e parques são limpos e organizados. As pessoas são mais educadas e há bastante estrangeiro morando por lá. Porém tudo é mais caro.

Huacho - A cidade de Huacho não tem quase nada a oferecer. Fomos pra lá porque queríamos conhecer as Lomas de Lanchay. Uma reserva de mata preservada em meio ao deserto peruano. Ficamos muito curiosos pra conhecer esse fenômeno. Uma caminhada de duas horas são suficientes pra recorrer toda a reserva, valeu muito a pena o passeio. Uma trilha super fácil no meio da reserva com vários pontos de observação. Durante a trilha vimos falcões, raposas e diversos pássaros da fauna peruana.

Apesar de irmos até a cidade, a reserva fica há 30 minutos de ônibus em sentido voltando, passamos a noite na cidade e no dia seguinte fizemos o tour. Durante a estadia em Huacho, demos uma voltinha na cidade procurando o que comer e encontramos um shopping à beira mar. Como a cidade não tem nada, esse shopping era a atração local. Parecia o jardins de Aracaju num sábado à noite hahahaha.

Trujillo - Chegamos em Trujillo no acaso, compramos uma passagem pra alguma cidade com praia, buscamos no mapa, apontamos pra Trujillo e fomos. Chegamos na cidade pela manhã bem cedo, caminhamos até a praça de armas e de lá buscamos um hostel, aí descobrimos que na cidade não hostel e não há praia. Hostels e praias ficam em Huanchaco, um distrito de Trujillo.
Na cidade mesmo só tem hotéis, ótimos hotéis por sinal, uma boa rede de restaurante, museus, igrejas, enfim, a cidade oferecia uma boa gama de turismo cultural, porém estávamos buscando o mar e também hostels por serem mais baratos. Então diante da informação que, o que queríamos estava em Huanchaco, pegamos uma van e rumamos pro mar.

Huanchaco - Ainda dentro da van comecei a conversar com uma mulher que me passou informações preciosas, onde estavam os hostels mais baratos. Para nossa surpresa eles estavam de frente pro mar. Todos praticavam o mesmo preço, escolhemos um com a melhor vibe e fizemos check-in. Como disse, o hostel era à beira mar, uma delícia. Huanchaco é pequenininha, cercada pelo mar e pelas ruínas da civilização Chan Chan.

Era pra passar apenas duas noites, mas tava tão gostoso aquele clima com o mar ali em frente que esticamos pra uma noite mais e sinceramente, sinto saudades até hoje. A cidade tem um clima delicioso, muita gente praticando esportes à beira mar, surfing com pranchas antigas feitas de palha e a deliciosa comida peruana quase não me deixaram ir embora. Mas era preciso seguir viagem.

Visitamos quase nove cidades ao percorrer o Peru, Cusco, Nazca, Paracas, Huacachina, Lima, Huacho, Trujillo e Huanchaco. Fomos à Tumbes que faz fronteira com o Equador, seria a última cidade do Peru antes de iniciar a viagem pelo novo país, mas estávamos tão cansados de passar perrengues e ao tomar um café descobrimos que as melhores praias da cidade ficavam a uma, uma hora e meia de distância. Desistimos da cidade e rumamos ao Equador, na esperança de dias melhores, mais tranquilos e confortáveis.
Partiu Equador!
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